quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O TRABALHO ESCRAVO ESTÁ MAIS PRÓXIMO DO QUE VOCÊ PENSA. ESTÁ AQUI EM OURO BRANCO!


            Temos presenciado ultimamente a luta dos trabalhadores ourobranquenses para se libertar das amarras de uma prática degradante, humilhante, aniquiladora de sua dignidade e autonomia, disfarçada de uma legalidade volátil, caracterizada pela escravidão em que se encontra o proletariado desta cidade.
            O leitor poderá julgar pesado demais o termo escravidão, mas na realidade não há outra palavra no nosso vocabulário que possa expressar esta situação. Porque somente pela escravidão, por meio do abuso do poder econômico, se pode privar os trabalhadores de seus direitos, inclusive assegurados na Constituição da República de 1988.
            Podemos definir trabalho em condições análogas á condição de escravo como o exercício do trabalho humano em que há restrição, em qualquer forma, à liberdade do trabalhador, e/ou quando não são respeitados os direitos mínimos para o resguardo da dignidade do trabalhador (MPT).
            Trataremos de esclarecer os fatos para uma melhor compreensão: muito se tem falado a respeito da atual carga horária a que se submete a maioria dos trabalhadores ourobranquenses, pois constantemente nas ruas se houve que aqui se trabalha de “domingo a domingo”. Atente-se para o fato de que está Constitucionalmente expresso no Art. VII, inciso XII que “é assegurada ao trabalhador a duração de trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais...”; e ainda o inciso XV do mesmo Art. que “garante aos trabalhadores repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”. Assim sendo, vê-se claramente a falta de respeito e o tratamento degradantes que submetem os trabalhadores daqui desta cidade.
            Ficamos inteirados que houve uma ação do Ministério Público do Trabalho, voltada para a resolução desta situação fática, por meio da imposição da adequação da jornada de trabalho e da melhoria das condições do ambiente do trabalho.
            Seria bom se a nossa gente fosse compassiva com o seu próprio povo, mas o que se percebe na prática é que apenas alguns comerciantes se mostraram dignos e coadunaram com as imposições legais.
           Os demais empresários continuam embebidos em sua doce arrogância de capitalista e burguês que os põem além da lei, desrespeitam totalmente as normas fixadas pelo órgão regulador e mantêm seus trabalhadores sob o impiedoso e escravocrata regime de trabalho forçado; pois lhes garanto que se permitissem aos trabalhadores a opção pela folga, afirmo com certeza, que optariam pelo descanso semanal, pois todos são cientes e, além de tudo, dignos e merecedores de um tratamento como ser humano e não apenas como burros de carga, prestante apenas para a labuta. São pessoas como qualquer outra, que deveria ter um dia da semana junto de suas famílias, para revigorarem suas forças e terem momentos de deleite. Entretanto, não é isso que se vê. Basta sair e conversar com qualquer um deles.
            É decepcionante pensarmos Ouro Branco, cidade que quer ter algum destaque, muitas vezes pelas festas patrocinadas pela cultura alcoólica, tenha a economia ainda (em pleno século XXI) baseada na exploração do trabalho escravo, tal qual era o Brasil até a época de sua “proibição”.
            O povo daqui, suntuosa e soberbamente, ostenta seus “smartphones” conectados por inúmeras redes “wi-fi”, que os desconecta do mundo real, que pomposamente se orgulha do rol de festas regadas a álcool que realiza, é o mesmo que ignora, por simples desprezo, o bem estar do outro e, impiedosamente vê a degradação a que é submetida os trabalhadores e lhes dá as costas como se eles não fossem parte deste mesmo povo.
            Entretanto, mais desprezíveis são aqueles que são cientes desta condição e viram suas costas, por terem interesses diretos na manutenção da situação tal qual como está.      Os proprietários, que tiram o maior proveito, não tem interesse nenhum em mudar. No máximo vão “inventar” (o mais correto seria falsificar) alguma escala de trabalho fajuta para “provar” ao Ministério Público do Trabalho que são fiéis ao cumprimento da Lei.
            Os tais proprietários são ávidos pelo lucro rápido, e para isto recorrem a qualquer artifício, mesmo que seja o desgaste de um semelhante seu. São soberbos, pois batem em seus peitos e afirmam publicamente que não há quem os faça fecharem o seu estabelecimento para o cumprimento do que exigiu o Ministério Público. São indiferentes, insensíveis, egoístas, interessados somente no aumento de seus capitais.
             Há outra classe de pessoas que também são dignas do nosso desprezo e repúdio: os políticos de nossa cidade, que continuam inertes ante ao que acontece com o povo que lhes elege, como se isso fosse comum ou mesmo normal, como se não pudessem fazer nada. E dessa maneira vimos anos e anos se passarem e os trabalhadores padecerem da escravidão que é aqui praticada. Entretanto, lhes garanto, que se quisessem realmente, os poderes legislativo e executivo municipal poderiam acabar com esta penúria. Como?  Mais uma vez vamos recorrer à Constituição para responder essa pergunta: O Art. 30 e inciso I afirma que é de competência municipal legislar sobre assuntos de interesse local. Pois bem, não seria de interesse local o horário de funcionamento do comércio, com o estabelecimento de sua jornada de trabalho? Penso eu que seria plenamente possível.
            Contudo, descreio que tal mudança seja de interesse da classe política, pois quanto mais o trabalhador estiver maltratado e desgastado, quanto menos condição tiver de ter autonomia, menos educados e informados forem, menos condição terão de realizar-se por suas próprias forças e mais facilmente os procurarão para solicitar algum favor, um exame, pedir-lhes algum medicamento, entre outras “ajudas”. Estes mesmos favores e ajudas serão usados, sem sombra de dúvida, como objeto de troca na próxima eleição, de maneira que tudo continuará como está.
            Caso você, leitor, que da mesma forma que eu sente-se indignado, pode fazer sua denúncia para ajudar os poderes públicos interessados a porem um fim nesta situação e tirarem os trabalhadores e quem sabe até esta cidade do longínquo século XIX. Basta acessar https://peticionamento.prt21.mpt.mp.br/denuncia e fazer sua denúncia.

Ass.: Um olhar qualquer.

Referências:
Ministério Público do Trabalho (MPT). Disponível em:


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